O DILEMA DOS SEMÁFOROS EM LINDÓIA.
(matéria publicada no Tribuna das Águas)
Lindóia tem sido palco de uma verdadeira batalha entre executivo e legislativo em função dos semáforos. Infelizmente esta batalha está sendo conduzida, por aqueles contrários à instalação dos mesmos, ao campo político / pessoal, onde a satisfação é mais importante que a segurança do munícipe, da coletividade.
Alegam que o semáforo é muito demorado, que os motoristas ficam derretendo em seus carros enquanto esperam o sinal verde, que nossa cidade é pequena demais para ter esse tipo de equipamento, que estão provocando atrasos para o cumprimento de compromissos e a maior bobagem de todas: aumentaram os acidentes. Se isto de fato se deu, foi porque algum apressadinho ou distraído não respeitou a sinalização.
Devemos ponderar que semáforos e a grande maioria dos equipamentos utilizados pelo sistema de trânsito, têm como objetivo a segurança de motoristas, ciclistas e principalmente dos pedestres. Semáforo existe para ordenar, organizar e não para agilizar o trânsito. É fato.
Partindo dessa premissa básica e elementar, deixando os egos de lado e mergulhando na realidade, podemos perceber que nossa cidade está situada no entroncamento de duas rodovias que servem inúmeras cidades da região, por onde além de turistas, circulam ônibus, caminhões com até três carretas e mais de 20 toneladas de carga, motocicletas e muitos automóveis de passeio. Todo esse fluxo, passa pelo centro de Lindóia. Não temos rotas alternativas e as ruas e avenidas centrais de nossa cidade, servem de corredor para esse tráfego, sendo o trânsito local obrigado a dividir espaço com os “visitantes de passagem”, ou seja, com os usuários da SP 360 e da SP 147.
Acredito ser por descuido ou má informação (e não por egoísmo) que alguns de nossos queridos motoristas e políticos possam estar desejando o desligamento dos aparelhos. Senão vejamos: será que estes não têm pais idosos e filhos que transitam pela cidade quer seja para fazerem suas compras, visitarem parentes e amigos, irem à escola, freqüentarem a piscina pública, caminhar ou pescar no laguinho? Será que estes que desejam o desligamento dos semáforos só conseguem olhar para o próprio umbigo e preferem deixar familiares, vizinhos, amigos, cadeirantes e turistas, aos riscos de um grave acidente? Alguém terá que ser vítima do trânsito para que se obtenha o correto entendimento sobre o respeito ao direito comum de ir e vir com segurança?
Os determinantes básicos para os tempos de abertura e fechamento de um semáforo são o número de veículos, tempo de travessia de pedestres (pela maior distância, maior idade e dificuldade de locomoção) e pelo número de fases no entroncamento.
Nossa cidade serve como passagem diária, a uma média de 6.000 (seis mil) veículos de outras localidades. Contamos com uma frota de aproximadamente 2.000 (dois mil) veículos, dos quais 800 circulam diariamente. O número estimado de pedestres, composto na grande maioria por crianças, jovens e idosos é de 2.000 pessoas. Isto posto temos a proporção aproximada de 4 veículos por transeunte. Uma luta barbaramente desigual em número e peso.
Três cruzamentos suportam 95% de todo esse movimento, mas alguns de nossos motoristas e políticos parecem não se importarem com a própria segurança nem com a de seus familiares, pares e amigos. Não podem “desperdiçar” preciosos minutos de seu dia em nome da segurança daqueles que não possuem veículos ou daqueles que optaram por deixarem os seus na garagem e saírem caminhando, cumprimentando e colocando a conversa em dia, afinal de contas moramos em uma cidade extremamente agradável em que quase todos se conhecem.
Só para lembrar. Segundo o conselho mundial de saúde, um atropelamento a 50 km/hora, proporciona probabilidade de 65% de o atropelado apresentar seqüelas irreversíveis, se tiver a sorte de não ir a óbito.
Decisões dos poderes são soberanas, devem ser acatadas e respeitadas, mas não podemos nos furtar em opinar e lutar pelos nossos direitos.
Lindóia, 16 de janeiro de 2010.
Gerson Vieira Prioste